nas edições anteriores
#269 | Quando o ChatGPT cria anúncios
#270 | Diferenciação na prática
tempo de leitura: 6 minutos
para entender
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Essa semana teve Web Summit no Rio de Janeiro. Um evento de tecnologia e inovação que se consolidou no Brasil e, na terceira edição, já se tornou parte do nosso calendário.
Uma das suas particularidades é o fato dos paineis e palestras terem por volta de 20 minutos. O que, por um lado, gera um FOMO grande e uma correria para circular entre os palcos.
Por outro, a dinâmica do evento é feita para que você consiga absorver conteúdo mesmo enquanto circula, socializa e faz novas conexões. Em uma tarde, por aqui, foi possível assistir sete sessões diferentes. De cases de marca a visões de futuro, de personalização a IA.
A partir de dez páginas de anotações, e conectando os pontos entre as pautas para além do Web Summit, cinco insights para pensar em negócio, marca e futuro:
1_ A relevância da curadoria
Essa palavra foi dita em três paineis, e três contextos diferentes.
Primeiro, a CMO da Amazon no Brasil falou sobre como a home do site é única para cada usuário, e como influenciadores são parte da estratégia por compartilharem as suas escolhas com a sua comunidade.
Depois, a CMO da Jaguar LandRover disse que curadoria é parte essencial da comunicação da marca. Nas suas palavras: “em PR, por exemplo, a gente olha não só para o veículo, mas para quem vai escrever aquela matéria”.
E, por fim, a VP da RG/A afirmou que o conteúdo que não for relevante será filtrado. Na maravilhosa ironia, inclusive, de que
“as mesmas IAs que estão criando conteúdo genérico são aquelas filtrando o que chega até as pessoas para que seja relevante”.
2_ Como se conectar com pessoas que buscam desconectar?
Ao falar sobre o Consumidor do Futuro 2027, a CEO da WGSN trouxe quatro perfis diferentes. Cada um deles com a sua abordagem ao mesmo contexto: a atenção escassa frente ao excesso de telas e estímulos.
Os “privacy keepers” vão ser adeptos da dieta digital. Pequenas porções e (ela novamente) curadoria atenta.
Os “conventionalists” vão focar no “retorno sobre energia". Ou seja: a busca por significado e uma troca justa pelo seu tempo e esforço.
Os “new independents” serão desconfiados e descolados do mainstream, buscando informação e identificação entre os seus similares e nas suas próprias fontes.
E os “energizers” buscarão a “inteligência infantil” em meio à inteligência artificial, defendendo o direito à diversão e brincadeira para todas as idades.
Cada um a seu modo, eles estarão se afastando dos canais tradicionais e buscando caminhos diferentes. A pergunta que fica é:
onde (e como) a sua marca irá encontrá-los?
3_ A “brasileirização” das marcas
Amazon, Corona, Jaguar e Adidas foram as marcas que eu pude acompanhar nessa edição do evento. Todas as suas lideranças foram questionadas em relação à adaptação cultural: como conectar o global e o local, a consistência e o contexto.
E todos, de uma forma ou de outra, destacaram o quanto o desafio não é mais sobre importar mensagens de fora. E sim, incorporar a cultura brasileira às marcas globais.
A energia, a criatividade, a autenticidade, a relação com os esportes, a música, o estilo…
Tudo é abastecido mas, principalmente, abastece as marcas que buscam se tornar parte da nossa cultura.
4_ “Wow” → “How” → “Now”
Ao começar a sua palestra sobre IA em 2025, Melissa Parsey, VP da RG/A, resumiu bem a linha do tempo desde o primeiro Web Summit Rio, em 2023.
“Wow”, exclamação de surpresa, encantamento, até susto. O ChatGPT tinha sido lançado há menos de seis meses, e estávamos todos tentando entender o que ia acontecer e fascinados e amedrontados pelas possibilidades de futuro.
“How”, questionamento de 2024. Como? Como incorporar aos negócios, às vendas, às startups, ao marketing, à sustentabilidade, à criação de conteúdo…
Quando não é mais se uma área será afetada, passa a ser “como”.
"Now”, para este momento em que a IA é simplesmente inescapável. Em uma boa comparação, Melissa lembrou da chegada da Uber. Mais do que uma revolução no transporte, o aplicativo mudou a nossa percepção de tempo e conveniência. Todos os serviços tiveram que se adaptar.
E é basicamente isso que estamos vivenciando: as expectativas das pessoas já mudaram. A IA está transformando o que entendemos como agilidade, clareza e até empatia.
5_ Gerar valor, e gerar lembrança
Esse tipo de evento é uma grande mistura entre o presente e o futuro. Ora somos convidados a pensar 3 anos a frente, ora ouvimos histórias de como marcas estão tendo melhores resultados hoje.
No vai e vem dos corredores, palcos, startups e ideias, duas coisas ficam claras:
O futuro não é um único trajeto, seguindo em linha reta para frente. Ele é um emaranhado de curvas, possibilidades, cenários, em que tudo acontece ao mesmo tempo. Ele pode ser mais digital e mais analógico. Mais comunitário e mais solitário. Mais artesanal e mais automático. Tudo ao mesmo tempo, cabendo a nós entender qual cenário melhor se aplica à nossa realidade. E qual realidade queremos construir.
O nosso trabalho tem mudado muito, ao mesmo tempo que não mudou em nada. Muito tem sido automatizado, seguem os questionamentos sobre o quanto uma IA vai ter capacidade de fazer exatamente o que a gente faz, é fato que o nosso dia a dia e processos vão mudar consideravelmente. Mas o nosso trabalho mesmo, o nosso objetivo, aquilo que nós precisamos fazer todos os dias pelas nossas marcas e para os nossos consumidores, é exatamente a mesma coisa de sempre: gerar valor e gerar lembrança.
Valor pode vir em forma de conveniência, performance, autoestima, distração, conhecimento… Não é sobre “algo feito por IA” ou “algo feito por pessoas”.
O mesmo vale para o que é memorável. Pode ser algo que só existe no metaverso, ou pode ser uma referência nostálgica. Ou ambos ao mesmo tempo.
O nosso trabalho é justamente definir esse valor e construí-lo de forma memorável - acompanhando as mudanças do mundo, e a atenção das pessoas.
um oferecimento Asaas
Este ano, fui ao Web Summit a convite do Asaas - fintech que facilita a gestão financeira, através de uma conta digital completa para empresas.
Estive com eles do momento que embarquei para o Rio de Janeiro ao momento que voltei para São Paulo. E não só eu.
A marca entendeu que gerar lembrança vai muito além dos segundos de atenção que uma pessoa tem a oferecer dentro de um pavilhão movimentado, barulhento e cheio de marcas.
Eles mapearam toda a jornada do participante do Web Summit, e se fizeram presentes de maneira criativa e intencional, do on ao off. Da viagem de ida até essa newsletter bem aqui :)
Você pode conferir mais detalhes dessa ação aqui.
para inspirar
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Maior inspiração nos últimos tempos, não há. Muitos têm chamado, inclusive, de campanha do ano. O carisma de Sabrina Sato e Maria Bethânia, juntas, em uma conversa leve sobre cuidados com o cabelo, cada uma do seu jeito, e sem medo de falar do que usam e do que não usariam jamais… Está simplesmente irresistível.
para fazer parte da conversa
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_ A Chiquinho Sorvetes passou por um rebranding daqueles que dividiu opiniões e movimentou as redes sociais. Por um lado, a tipografia teve uma evolução perceptível. Por outro, ela sai do alvo para dar lugar a uma representação bem literal de um sorvete. Faltou sofisticação? [link]
_ A passagem do Papa Francisco movimentou a “guerra do streaming”. Poucos dias antes, o Prime Video tinha adicionado o filme Conclave ao seu catálogo. E nas 24 horas após a notícia, ele se tornou o mais assistido no Brasil e cresceu mais de 200% no mundo todo. Uma bem no encontro da cultura, da história e, sempre ele, o FOMO. [link]
_ Ela vem, sim! Lady Gaga já está entre nós, e tem sido muito interessante observar a quantidade de marcas que querem fazer parte dessa conversa - só que sem poder falar o nome da cantora. Em um grande “entendedores entenderão”, diversos símbolos e palavras têm sido utilizados para conectar com os “little monsters”. [link]
para ler com calma
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O pitch de um dos meus produtos (e marcas) favoritos [link]
Descobri esse site que reúne centenas de pitches de produtos diferentes, através da apresentação do mymind: uma ferramenta de curadoria e organização de referências que tem um branding incrível. Esse pitch é uma referência de storytelling na lógica problema - solução.
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Mapas de influência [link]
A nova metodologia do Google, que vem para substituir o funil de marketing. Com base nos 4S - stream, scroll, search e shop, a ideia é “elaborar quantos mapas forem necessários para identificar as principais maneiras pelas quais os clientes interagem com suas ofertas”.
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As nossas interfaces estão desconectadas dos nossos sentidos [link]
“O dia todo nós arrastamos, clicamos, tocamos em telas lisas e silenciosas. Mas nós somos mais do que olhos e dedos. Nós pensamos com as nossas mãos, os nossos ouvidos, os nossos corpos. Será que não dá para criar algo mais rico - algo que se move com a gente, que fala a nossa língua, que se molda ao nosso corpo?”
Esse artigo já seria imperdível só pelas palavras. Mas a forma como constrói visualmente as ideias é das coisas mais legais que eu já vi. Vale passear por ele com toda a calma.
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para dar um tchau
👋🏼
Mandar newsletter no meio do feriado é tipo começar a academia no fim de semana. Sabe quando a motivação não pode esperar até segunda-feira?
Estou motivada a retomar a frequência semanal, sem deixar de equilibrar os momentos de descanso e as demandas dos outros formatos e canais.
Tenho refletido muito sobre como a Bits não é mais uma newsletter. Não me levem a mal - este espaço segue sendo a base e o coração da coisa. Mas um post, um projeto, uma palestra, uma marca de cada vez… Estamos nos tornando uma plataforma de conteúdo completa.
Agradeço demais, sempre, a sua companhia e compreensão conforme descubro o que isso significa, e como dar o meu melhor em todos esses papeis :)
- Bia
Sua newsletter agrega tanto, sempre paro para ler :) vim aqui deixar o like pelo exemplo de motivação que você deu ao mandar no feriado!
Quando leio as aventuras de outras pessoas e vejo elas agindo e fazendo acontecer, parece tão impossível para mim leitor. Vejo o quando está agindo através dos conhecimentos e foi um privilégio ler sobre. Obrigado. Mas queria muito realizar algo de útil